domingo, 31 de maio de 2009

ANDY HARGREAVES: O ENSINO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO - EDUCAÇÃO NA ERA DA INSEGURANÇA


Introdução

Na introdução, o autor fala da economia do conhecimento que impulsiona uma busca desenfreada “pela criatividade e pela inventividade”, atributos sobremaneira indispensáveis para o desenvolvimento de uma nação. Essa economia do conhecimento é comparada em termos de capacidade de destruição às outras formas de capitalismo, pois prevê o lucro, a produtividade e interesses particulares. A escola deve tentar amenizar os danos ocasionados por esse tipo de economia do conhecimento, ensinando valores que não são naturais desse modelo, como “a compaixão, a comunidade e a identidade cosmopolita”. A escola deve preparar o indivíduo tanto para (sobre)viver na sociedade do conhecimento quanto para ser um cidadão que consiga manter sua integridade pessoal em uma sociedade fragmentada.

Os professores, no entanto, têm se tornado meros “repetidores das ambições anêmicas dos formuladores de políticas para as possibilidades de sistemas com verbas insuficientes.”. Isso quer dizer que hoje o professor fica sujeito às tendências de padronização curricular e cultural em um sistema educacional que prevê baixo investimento, tanto em relação aos salários docentes quanto no que diz respeito à formação dos mesmos e ainda se vê preso a resultados de avaliações externas e metas de desempenho. Esses profissionais se tornam incapazes de promover a inventividade e criatividade requeridas pela sociedade do conhecimento e também não conseguem promover reflexões voltadas para os aspectos mais humanos, ligados aos sentimentos.

Contrapondo esse cenário sombrio, a proposta é a de promover um “sistema educacional de alto investimento e alta capacidade, no qual professores extremamente qualificados sejam capazes de gerar criatividade e inventividade entre seus alunos”, possibilitando aos professores que ultrapassem a dimensão técnica de sua função, retomando seu espaço entre os “intelectuais mais respeitados da sociedade”, preparando seus alunos para serem cidadãos do mundo, cultivando a identidade e simpatia entre os povos, o que é desejável em um caráter cosmopolita.

Hargreaves fala que o termo sociedade do conhecimento parece equivocado, Mas ele o utiliza pois é o mais amplamente conhecido, mas o ideal seria sociedade do aprendizagem. Na sociedade do conhecimento deve haver o estímulo à inventividade e criatividade, utilizando-as em favor das transformações necessárias Na economia do conhecimento existe uma noção de competitividade bastante arraigada e a plasticidade necessária para se efetuar as diversas mudanças inerentes ao desenvolvimento dos indivíduos e empresas.

Para se ensinar além da economia do conhecimento é preciso que se estimule o aprendizado emocional juntamente com o cognitivo, estimulando a tolerância étnica e cultural, criando-se uma responsabilidade com os grupos excluídos, dentro e fora da sociedade que nos cerca. O desafio da educação está em “equilibrar as forças caóticas”.

Estabelecer parâmetros curriculares e de aproveitamento desejáveis é um procedimento injusto, na medida em que os que não consegue atingir os níveis desejados sofrem um processo de degradação, tanto estudantes quanto professores, que precisam carregar perante a sociedade um fardo de vergonha e fracasso, ao mesmo tempo em que também fracassa o “desenvolvimento pessoal e social, que é o alicerce da comunidade”, uma vez que os resultados de nível de letramento são mais importantes que o trabalho que alicerça o caráter das pessoas.

Hargreves, Andy. O ensino da sociedade do conhecimento: educação na era da insegurança/ Andy Hargreaves; trad. Roberto Cataldo Costa. - Porto Alegre: Artmed, 2004