terça-feira, 30 de junho de 2009

OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À EDUCAÇÃO DO FUTURO - EDGAR MORIN

Capítulo 4- Ensinar a identidade terrena

Introdutoriamente, este capítulo busca fomentar no leitor a idéia da Identidade Terrena por meio da compreensão de que tanto a condição humana (os problemas dos indivíduos e grupos) e a condição do mundo humano (problemas generalizados do planeta) constituem-se em problemas mundializados que devem ser trabalhados pela educação do futuro.
1. A ERA PLANETÁRIA:
A era planetária se inicia, segundo o texto, a partir das conquistas dos impérios, a partir do século XVI, com a colonização das Américas.
A era mundial, iniciada no século XX é o processo de globalização, fomentado pelo crescimento das possibilidades de comunicação. A tecnologia produziu o fenômeno de estarmos "todos" conectados", sendo que o ensino ainda não atentou para adaptar-se a esta nova realidade.
Ambos os processos foram e têm sido perniciosos para a humanidade. Morin trata de dois momentos da humanidade. A separação causada pela "diáspora planetária", em que os indivíduos se espalharam pelo planeta e as diferenças foram acentuadas, tanto lingüísticas quanto culturais. Com o advento da globalização, a "era planetária da comunicação", as distâncias se encurtaram. Nesse processo se acentuam os processos de exclusão social, ampliando o abismo entre os ricos, que se tornam a cada dia mais ricos e os pobres que se mantém na miséria.
A globalização traz em seu bojo a política de balcanização, de fragmentação territorial e cultural. A globalização está centrada na economia "insustentável", que desconsidera o humano em suas necessidades e direitos e degrada o meio ambiente.
No trecho "O século XX não saiu da idade do ferro planetária, mergulhou nela, faz alusão ao mito das idades, momentos pelos quais passou a humanidade, da gloriosa idade do ouro à degradada idade do ferro, marcada pela presença de seres agressivos e destrutivos.

2. O LEGADO DO SÉCULO XX:
O século XX foi um momento da história humana marcado pelas "grandes barbáries". Essas grandes barbáries são as "guerras, massacres e fanatismos" e ainda a fria racionalidade que valoriza o cálculo, no sentido do lucro, sem contar com o ser humano como um todo nesse cálculo. Ampliam-se o "poderio da morte" e um tipo diferente, de escravidão, "a técnico-industrial".
2.1 A herança de morte:
A morte ampliou seu poderio através da guerra e de outras forças destrutivas, tratadas nos tópicos seguintes.
2.1.1 As armas nucleares:
As armas nucleares apresentam uma possibilidade de "extinção global" pela ampliação dos poderes de destruição que essas armas têm. Aliás, o poderio bélico é desenvolvimento pela tecnolgia de tal forma a se transforma em uma arma microscópica. Por isso, as armas apontam para uma direção de auto-aniquilamento da humanidade em virtude da sua capacidade destrutiva.
2.1.2 Os novos perigos:
Dentre os perigos, Morin aponta para a possibilidade da "morte ecológica" pela dominação não-sustentável do meio ambiente, a degradação da biosfera em todos os seus níveis.
Outros perigos de morte advêm das doenças. Até aquelas consideradas erradicadas voltam com força total, contra as quais nem os antibióticos mais potentes não conseguem solucionar, pois muitas bactérias já se tornaram resistentes a essas substâncias.
As drogas também são parte do conjunto das forças autodestrutivas que colocam o homem como seu próprio predador. Estas legam ao homem angústia e depressão.
2.2 A morte da modernidade:
As crenças da modernidade, que podem ser resumidas em "fé incondicional no progresso, na tecnologia, na ciência, no desenvolvimento econômico", já caíram por terra e, conseqüentemente, está morta a modernidade. Esta desperta duas características distintas, posto que ao mesmo tempo que proporciona descobertas essenciais para o homem, para a sua vida, ela acaba se tornando em fonte de destruição desse mesmo homem. Este quer sempre mais e não se preocupa em entender as partes como um todo relacionado, tanto para as coisas tidas como boas quanto para as ruins, já enunciadas acima.
2.3 A esperança:
Encontra-se no uso da educação que agregue as capacidades humanas de através dos ideais do século XX poder reformular a consciência dos seres em relação a sua cidadania terrestre. Inclusive, a educação possibilita o ensinamento do antigo, mas também permite a ruptura de fronteiras da mente humana em prol de novos conhecimentos e de novas informações. Desta forma educar o homem para que seja menos individualista, mais altruísta é uma forma de usar com racionalidade o que o meio nos oferece.
2.3.1 A contribuição das contracorrentes:
O surgimento de contracorrentes inovadoras do século XX, citadas por Morin:
- A contracorrente ecológica baseada na poluição industrial ou no mau uso da produção que gera as catástrofes ambientais.
- A contracorrente qualitativa, que prioriza a qualidade de vida em todos os aspectos em reação a uniformização exagerada.
- A contracorrente da resistência a vida puramente voltada ao amor e à admiração.
- A contracorrente da resistência ao consumismo padronizado, como determinante das oportunidades vividas e outra que busca a temperança e o bom uso.
- A contracorrente da tirania do lucro, nas relações econômicas na tentativa de humanizar e modificar a visão do dinheiro, difundindo a solidariedade.
- A contracorrente aos atos de violência, que objetiva os processos de pacificação e acordos positivos.
Estas correntes, através de suas forças individuais ao caminharem para uma interatividade, resultarão em uma política voltada ao ser humano.
2.3.2 No jogo contraditório dos possíveis:
Neste tópico, Morin trata da dicotomia paradoxal do desenvolvimento das AIs em detrimento da busca pelo conhecimento e desenvolvimento da inteligência humana.A tecnologia e a biotecnologia tem sido usadas, simultaneamente para o bem e para o mal (o pior).
A obra de ficção científica Hypérion, de Dan Simmons aponta para um futuro em que o homem será domesticado pelas AIs, que conduzirão o homem inconsciente ao extermínio. Neste caso a ficção aponta uma das possibilidades que o egocentrismo humano pode produzir.
A inteligência humana, dotada de aptidões ainda desconhecidas, pode ser a solução para os atuais problemas, embora seja necessária uma "reforma no pensamento humano", rumo a uma forma de inteligência que privilegie a consciência.
3. A IDENTIDADE E A CONSCIÊNCIA TERRENA:
Unir concentricamente as pátrias tanto local como mundialmente. Observar e valorizar as culturas do Norte e do Sul, do Oriente e do Ocidente e atentar ao aspecto dialógico entre as mesmas. Desta forma, sentir-se pertencente ao planeta e aprender a viver e estar aqui, congregando culturas, sentindo-se único e ao mesmo tempo, múltiplo na diversidade da condição humana.
A identidade terrena deve ser ensinada sob um olhar unificador, onde o ser esteja consciente do espaço físico e social que desempenha no planeta. Sob uma visão transformadora, se fazendo responsável pelo todo e por si mesmo. Fazendo paralelos sobre os caminhos da civilização e os pensamentos envolvidos na questão planetária, como as guerras, o pessimismo da destruição, da tecnologia solucionadora, polêmicas que permeiam o sentimento humano na sua ocupação no planeta. No encerramento deste capítulo o autor enfatiza a importância da consciência, da responsabilidade dos estados x a humanidade e o surgimento de uma cultura coletiva e universal.


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